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4 doenças que causam queda de cabelo

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O seu cabelo começou a cair muito e você está preocupado que isso seja causado por alguma doença?

Antes de tudo, é importante que você saiba que a queda de cabelo é sempre um sinal de alerta. Por isso, se você nota um aumento dos fios no ralo do banheiro, no travesseiro, na escova e nas roupas, é fundamental que você procure um médico dermatologista para que o profissional possa avaliar o seu caso e entender o que está causando a queda de cabelos.

Também quero esclarecer que, muitas vezes, a queda de cabelo ocorre pelo processo de calvície ou por situações pontuais, como o uso de medicamentos ou no período logo após o parto. Porém, em alguns casos, ela pode ser sinal de problemas internos.

No artigo de hoje, vou abordar 4 doenças que são importantes causas de queda de cabelo.

Algumas doenças que causam queda de cabelo

1. COVID-19

A queda de cabelo após a infecção por COVID-19 não é uma surpresa, visto que já era muito bem descrito na literatura quadros de queda capilar após infecções. Aqui no Brasil, por exemplo, frequentemente observamos queda de cabelo após a dengue. 

Isso acontece porque a infecção e todo o processo inflamatório que a acompanha, altera o ciclo de produção dos fios de cabelo. O folículo piloso (raiz do cabelo) que normalmente está em fase ativa de produção das hastes, entra na fase de repouso e, posteriormente, os fios são desprendidos. 

A queda capilar após as infecções costuma ocorrer três meses após o quadro infeccioso. Porém, no caso da COVID-19 existem algumas particularidades.

Recentemente, eu tive a honra de participar de duas pesquisas que tiveram a finalidade de entender a relação entre COVID-19 e queda de cabelo.

O primeiro estudo foi realizado com a participação de médicos pesquisadores de diversas partes do Brasil. Foi aplicado um questionário perguntando sobre queda de cabelo para 5.891 pacientes que tiveram a infecção por COVID-19 e observado que:

  • 48% dos pacientes relataram algum grau de queda capilar após COVID;
  • 23% dos pacientes tiveram sensação de dor e desconforto no couro cabeludo;
  • 90% dos pacientes relataram que a queda de cabelo começou em até 2 meses após a infecção, ou seja, mais precocemente do que o esperado para uma queda capilar após quadro infeccioso. 

Já o segundo estudo foi realizado na Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) em Botucatu. Ele avaliou pacientes com queda capilar grave e que teve início precocemente após a COVID-19. 

Esses pacientes foram submetidos à avaliação detalhada com tricoscopia e biópsia do couro cabeludo que mostraram que, apesar da queda intensa, o folículo piloso não apresenta nenhum sinal de inflamação ou dano permanente. Isso significa que por mais intensa que seja a queda pós COVID-19, o folículo mantém a capacidade de voltar a produzir um cabelo normal.

Vídeo: COVID e queda de cabelo – atualização 2022.

2. Doenças da tireóide

Os distúrbios da tireóide também podem estar associados a um quadro de queda capilar. Tanto o hipotiroidismo (quando a tireóide trabalha abaixo do esperado), quanto o hipertireoidismo (situação em que a glândula trabalha em excesso) podem levar à queda dos fios com bastante frequência.

Nas pessoas com alterações na tireóide, a queda de cabelo costuma ser mais difusa. Assim, na hora de lavar, pentear e manusear os cabelos, a pessoa pode perceber uma queda acentuada dos fios.

Lembrando que além da queda de cabelo, os problemas da tireóide costumam gerar outros sintomas como alterações de humor, sono, peso e desânimo.

3. Síndrome dos ovários policísticos

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) pode acelerar o processo de calvície feminina. O desbalanço hormonal com aumento da atividade dos hormônios masculinos acelera o processo de afinamento dos fios na região central do couro cabeludo. 

Lembrando que nem todas as mulheres que apresentam SOP vão sofrer de queda de cabelo, porém o tratamento da SOP é fundamental para aquelas que apresentam esse problema. 

  • Leia também:

Queda de cabelo: qual profissional devo procurar?

Quando a queda de cabelo na mulher se torna preocupante?

4. Lúpus

O lúpus é uma doença autoimune, isso significa que as suas manifestações ocorrem em função de um ataque imunológico às próprias células do organismo. Antes de falarmos da relação entre lúpus e queda capilar, é importante lembrarmos que existem dois tipos de lúpus.

O lúpus cutâneo que ataca somente a pele, e o lúpus sistêmico que pode atacar diversos órgãos, como rins, pulmões e articulações.

Os indivíduos com lúpus cutâneo podem apresentar lesões inflamatórias e descamativas em áreas específicas da pele. Quando essas lesões acometem o couro cabeludo, elas podem causar uma destruição permanente das raízes dos cabelos, situação que chamamos de alopecia cicatricial.

As pessoas com lúpus sistêmico também podem apresentar essas lesões ou até mesmo apresentar uma queda de cabelo mais generalizada. É válido ressaltar que essa queda difusa não tende a ser permanente.

Saiba mais sobre lúpus e queda de cabelo.

A queda de cabelo não é necessariamente sinal de alguma doença

Algumas situações que também levam a queda de cabelo com frequência: 

  1. Período pós-parto;
  2. Cirurgias (especialmente a bariátrica);
  3. Dietas restritivas com emagrecimento rápido;
  4. Uso de alguns medicamentos como betabloqueadores e anticoagulantes;

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Referências:

Müller-Ramos P, Ianhez M, Silva de Castro CC, Talhari C, Criado PR, Amante Miot H. Post-COVID-19 hair loss: prevalence and associated factors among 5,891 patients. Int J Dermatol. 2022 May;61(5)

Miola AC, Florêncio LC, Bellini Ribeiro ME, Alcântara GP, Müller Ramos P, Miot HA. Early-onset effluvium secondary to COVID-19: Clinical and histologic characterization. J Am Acad Dermatol. 2022 May

Dr. Paulo Müller Ramos

Dr. Paulo Müller Ramos

Dermatologista | CRM/PR: 21646 | RQE: 182

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